quinta-feira, 20 de outubro de 2016

O NOSSO TEMPO



ESCOLHAS PESSOAIS


Eu quero continuar a falar para mim mesmo e para alguns amigos que aceitam gastar tempo com estas “considerações sobre a vida”. É uma reflexão pessoal, que eu gostaria que não fosse simplesmente abstracta.

Ao longo dos anos, o nosso tempo tem variado de extensão, isto é, as 24 horas do dia são vividas pela consciência de modo diferente. Ora temos ocasiões em que falta o tempo para tudo ora passamos por outras épocas em que se gozavam os momentos de modo tranquilo, alegre, sem andarmos a correr. Até podíamos relaxar, ouvir uma sinfonia, apreciar um bom filme, passear pela montanha com os amigos. Há tempos que nos deixam saudades…

Parece que, com o acumular dos anos, vamos juntando compromissos sem fim, como juntamos tralha em casa, tachos, roupa, sapatos a ponto de sempre nos faltar mais um armário ou um guarda-roupa. O nosso tempo livre fica reduzido a nada e agora, que estamos reformados, até já nos perguntámos como é que antes tínhamos tempo para passar tantas horas na escola a dar aulas… Bem, um aparte para lamentar o que hoje acontece com os professores, que ocupam na escola as 35 horas, sem condições para trabalhar; no meu tempo, trabalhávamos mais em casa…

Voltando ao nosso tempo, penso que realmente nos deixamos enredar em actividades a mais, ora nos meios familiares, em que as próprias crianças se ocupam demais, ora no meio social para ajudar os vizinhos, os amigos, os da mesma religião, da mesma equipa, eu sei lá…

Eu aprendi com o tempo e muita reflexão que por vezes eram os outros que comandavam os meus dias; até fazia tudo para satisfazer toda a gente, deixando os de casa pendurados de tanto afã, o que algumas vezes também sobrava para eles… E depois falta a disposição para acolher a todos, surge o stress, perde-se a ocasião de viver em paz, em tranquilidade e em alegria.
Foto mal conseguida de uma obra exposta na Arco-Lisboa, uma boca sorvedouro de tudo à nossa volta

E volto à CONSCIÊNCIA, a nossa fiel companheira nas boas e más horas, que é a primeira a avisar, a criticar, a aconselhar que sejamos senhores do nosso tempo… Mas a bitola-mestra da nossa actividade deve ser a resposta que damos a esta pergunta: “o que é que eu quero ser e fazer da minha vida?”. Podemos andar ao sabor da corrente, podemos andar atrás dos outros, a fazer o que aos outros agrada, mas “não é bem isto que quero para mim”… O projecto pessoal, a minha missão de vida é a escolha determinante para viver em paz. E nem sempre se alcança com clareza esta resposta. Durante muitos anos, fiz parte de um grupo que questionava os nossos comportamentos e tentava clarificar as boas respostas ao que nos acontecia. E havia normalmente respostas surpreendentes que o grupo achava mais lógicas, sobretudo porque nos tiravam pesos da consciência e nos ajudavam a viver em paz.

Em conclusão, o nosso tempo depende de nós e dos nossos objectivos de vida. Cada dia, há que escolher gastar o tempo onde eu acho que é melhor para mim e para a minha missão. Quem não toma decisões, quem anda atrás dos outros, nunca mais aprende a viver.
Viver na paz e na beleza circundantes

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