Depois de vos ter mostrado o Museu de Santa Joana atrevo-me a apresentar um vídeo (6 m) com as impressões gerais sobre a cidade: as casas, os canais, as ruas, os produtos, as outras igrejas...
É uma tentativa de construção difícil para um principiante (juntar imagem, som ao vivo e gravado, música, etc.), mas que, em dias de férias, me deu muito gozo. Desculpem as imperfeições!
Este monumento nacional tem por detrás uma triste memória
de violência, atribuída na época aos Távoras, uma família nobre que não
se relacionava muito com o Marquês de Pombal, a quem consideravam um
nobre de segunda classe.
No início de tudo, houve naquele lugar
um atentado contra o rei D. José, que vinha de um serão com a amante,
filha dos Távoras e já casada. O rei ficou ferido num braço e logo se
atribuiu a culpa a esta família. O Marquês avançou com um processo que
culminou com a morte violentíssima de muitas pessoas da família dos
Távoras, do Duque de Aveiro, do conde de Atouguia, incluindo crianças e a
que se juntou o P. Malagrida, jesuíta, cuja ordem não era bem vista
pelo poder. Houve ainda o arresto de todos os bens destes nobres.
A execução da sentença ainda hoje é
rememorada por uma coluna erigida num beco junto aos Pastéis de Belém,
apelidado de Beco do Chão Salgado, por nesse lugar estar o palácio do
Duque de Aveiro, que foi destruído e o chão coberto de sal para nunca
ali poder medrar algo.
Por se ter "livrado" da morte, o rei manda erigir esta Igreja dois anos depois, num gesto de agradecimento a Deus.
A Igreja da Memória, também chamada “do
Livramento”, é uma arquitetura barroca, de linhas clássicas, mas com
formas curvas. Sobressaem os mármores nesta igreja. E o transepto (o
lugar onde se cruzam os dois braços da cruz latina) é encimado por um
conjunto harmonioso de zimbório, cúpula e lanternim lá no alto (uma foto
mostra bem estes elementos).
Também notámos que, em vez de colunas,
foram usadas pilastras para sustentar o edifício. Visível igualmente a
beleza dos varandins e do coro, com o dourado a brilhar.
É nesta Igreja que se encontra o mausoléu com os restos mortais do Marquês de Pombal desde 1923.
A Igreja é pequena, mas muito frequentada como centro de fé.
Instalado no antigo convento das freiras dominicanas de clausura, para além do espólio que constitui o próprio património do convento, reúne uma vasta coleção de retábulos, colunas, imagens e pinturas provenientes de outros locais, o que valoriza sobremaneira os amplos espaços por onde se distribuem tantas obras de arte.
Em poucas palavras, tocou-nos logo à entrada o túmulo de Santa Joana, em mármores de várias cores, incrustados, o que torna a obra, vista em pormenor, de uma beleza fora de série.
Entramos na Igreja e comove-nos ver tanta talha dourada em vários altares, um órgão de tubos de grandes dimensões (que diria o meu amigo Aires?) e ainda as duas portinholas pequeninas por onde se confessavam as freiras.
Passamos pelo claustro, admiramos portais góticos e manuelinos (como as fotos mostram), vemos o refeitório, de mesas corridas onde se sentavam as freiras por ordem de importância social, com a madre abadessa a presidir na mesa ao fundo. Não falta lá um espaço alto, bem iluminado, para a leitura de livros educativos, que se ouviam em silêncio durante a refeição.
Seguindo a ordem das fotos, subimos ao coro, com um cadeiral bem adornado e nas costas pinturas a vermelho e preto com figurinhas de caça e lavoura a lembrar os tempos senhoriais. O teto do coro é também de um colorido maravilhoso.
Seguimos depois para o recheio de obras acrescentadas ao espaço e não sei que mais admirar. São retábulos, imagens de um colorido vivo que nos prendem, são colunas de alguma igreja, negras como breu, mas com madeira trabalhada com perfeição, são imagens, muitas estofadas (pintura a óleo sobre ouro), de que me ficou o arcanjo S. Miguel, a Santa Madalena e uma Sagrada Família de Machado de Castro.
Pinturas, muitas. Destaco a pintura de Santa Joana Princesa, que nos foi dito seria a representação mais fiel da retratada, que ainda viveu no convento, onde morreu.
À saída, atrás da nossa imagem, uma farmácia conventual, com aqueles potes onde se conservavam as ervas e mesinhas medicinais.
As fotos são três minutos de fascínio. Vale a pena gastá-los!
António Henriques (ver fotos em ecrã completo)
Permito-me acrescentar uma pequena peça em vídeo com imagens da salinha onde algumas freiras trabalhavam na preparação meticulosa dos paramentos litúrgicos.
Veste-se uma pessoa de turista de fim
de semana e vai até perto do Palácio da Ajuda, podendo aproveitar mesmo
um autocarro. Para nós, foi o autocarro contratado pela Casa do Educador
que lá nos levou.
E ali está na subida à esquerda o Jardim Botânico.
Começámos logo por sermos visitados por um pavão e sua trupe de pavoas, que quiseram saber quem nós éramos.
Depois, enterrámo-nos jardim adentro, olhando para tantos canteirinhos
com identificação das flores, arbustos e árvores em latim e num
português alatinado de que pouco percebemos.
Memórias que ficaram: havia a princípio um passadiço por cima da rua que
trazia os membros da família real para o jardim. Bom lugar para
leitura, mesmo no verão, com uma árvore estendida, como galinha de asas
abertas, para acolher os leitores. Para além das flores, abrimos a boca
de espanto para aquela borracheira de tronco bem largo (o prof. Lino
parece bem pequeno…) ou para o velhinho dragoeiro (400 anos?!) que já
não se aguenta mesmo com tantas varetas a sustentá-lo!
Uns degraus abaixo, apreciámos os jardins de bucho bem delineados, a
estátua de D. José talhado como soldado romano e sobretudo parámos junto
à fonte com seus lagos e ornamentações naturalistas, a lembrar os três
reinos com seus habitantes (do ar, da terra e da água), mas onde os
répteis se agigantam.
Visitem, que saem de lá apaziguados com o silêncio, a natureza e a
beleza dos espaços. Infelizmente, seria necessário muito mais trabalho
para algum abandono desaparecer e as ervas não crescerem.