Faz parte das nossas distrações de férias a visita a alguma exposição. E quando são os próprios filhos a sugerir uma saída, nem se pensa duas vezes.
Depois, utilizando materiais
portugueses (mármore, cortiça, azulejo), espalham-se naquele espaço esculturas
perturbadoras (o artista sem cérebro, o rolo de papel em mármore ou ainda
grandes painéis de azulejos azuis, com cenas de guerras, perseguições, fugas
forçadas, vidas presas a uma tenda – “abram a fronteira”, “ninguém é ilegal”,
lê-se repetidamente nos dois extremos da Cordoaria…
A liberdade de expressão circula por
todo o lado, ora nas fotos (mais de 50) onde a mão de dedo levantado se atira a
tudo o que se fotografa, seja monumento, rua, igreja, natureza, rio… numa
intenção mais de destruição do que de fornicação.
Não nos demorámos nos muitos vídeos
expostos ao longo da exposição, que também valerá a pena olhar, para ouvir o
próprio artista dissidente e perseguido pelo regime chinês a expor suas ideias.
Para não maçar os leitores,
acrescento que a arte de Wei Wei é sempre comprometida, implicando os direitos
humanos, as questões sociais e os regimes políticos. Na nossa história atual, para
o artista ressaltam a liberdade de expressão, o direito dos refugiados e imigrantes
a viver dignamente e a visão universalista contra o fechamento das tensões nacionalistas.
Somos todos irmãos, concluo eu!
Crítico, contestatário, este artista
espanta, encanta e incomoda. Achei-o demasiado negativo. Mas é curioso na sua
humildade: «Minhas mensagens são temporárias… Outro vento há-de vir!»
NOTA: A título de curiosidade, este artista escolheu Portugal para viver, comprando casa em Montemor-o-Novo.
António Henriques