domingo, 29 de janeiro de 2017

DIAS EM CHEIO

Explicação para esta ausência

Desta vez, tive mesmo de parar a minha edição deste blogue. Foram 15 dias de assinalável silêncio, o que me acontece pela primeira vez.
Actividades extra relacionadas com o 10.º aniversário da Unisseixal ocuparam-me o tempo até ao exagero. Empenhei-me no enriquecimento do site da nossa Universidade Sénior, umas vezes por vontade própria e outras vezes a pedido. Ultimei e editei no site a história dos começos da Unisseixal, consultei os meus arquivos à procura de fotos daquele tempo (e reconheço que o mundo muito se transformou no que às imagens diz respeito. Em dez anos, o uso de fotos tornou-se muito mais iterativo!), traduzi para português uma páginas de resposta a um questionário sobre universidades seniores, que uma universidade da Eslováquia nos tinha pedido.
Além disso, colaborei também na edição de slideshows que tornaram o site mais agradável. Ainda escrevi o relato da sessão solene no Fórum Municipal no dia 14/01 e mais umas pequenas achegas.
Depois, durante uma semana em que diariamente havia actividades especiais, acompanhei muitas dessas actividades com agrado, nomeadamente a sessão de duas horas do Prof. Carlos Ribeiro e ainda uma visita às instalações do Sporting (estádio, museu, balneários...). Como me pediram um pequeno texto sobre essa visita, também o escrevi para o Boletim da Casa do Educador. Aí revelo todo o meu sportinguismo, sem fanatismos, com isenção de vistas. O Prof. Tomás Bento que me perdoe, mas eu arrasto esse texto para aqui. Vejam como é equilibrada a minha visão!
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Visitámos o Sporting


Integrada nas festas dos 10 anos da Unisseixal, programou-se uma visita às instalações do Sporting, estádio e museu.

Muitos sportinguistas foram com gosto apreciar as luxuosas salas do conjunto verde e os apaniguados do outro clube da 2.ª Circular aproveitaram para somar razões à sua clubite, que nestas coisas, ao contrário do que canta o Marco Paulo, nunca se têm dois amores. Bem, também houve gente que apenas foi acompanhar os ou as suas consortes, o que é sempre de louvar.

Estivemos no campo de futebol, com a relva a precisar de ser iluminada para crescer bem, visitámos os balneários, quer dizer, estivemos à entrada(!), passámos pela célebre Porta 10-A, por onde entram os Vips, conhecemos a história do clube a começar pelos seus primeiros entusiastas, com José de Alvalade à frente e, finalmente, visitámos o rico Museu do clube, recheado de taças e peças desportivas de que se faz a história do Sporting. Muitas fotos nas paredes lembram também os nomes gloriosos de muitos atletas das mais diversas modalidades que deram fama ao Sporting.

Uma tarde bem passada, estragada pela derrota em Chaves nessa mesma noite. Mas eu continuo a sofrer um pouquinho pelo Sporting!!!
Ant. Henriques»

E os trabalhos não acabaram aqui. 
Também procurámos lar para uma familiar a precisar de mais aconchego e gastámos muito tempo
A falar de Informática, blogues, etc...
com ela.
Também preparei com outros amigos o Encontro anual dos antigos alunos dos seminários que ocorreu em Linda-a-Pastora no dia 28/01. Dias bem cheios, sem dúvida, carregados de emoções, a fortalecer as minhas razões de viver. 
Alguém mais chegado ainda me disse um dia destes que "tu já não és novo. Não podes trabalhar tanto, tens de descansar..."! Como posso eu descansar, se é isto que me anima, me entusiasma e me dá vida?

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

AFOGADOS EM GENTE

Porque não voltar atrás?

Neste dias, tem-me chegado uma onda de nostalgia que não é habitual. E eu bem sei a razão.
Está a aproximar-se (15/01) a celebração dos dez anos da Unisseixal - a Universidade Sénior do Seixal, em cuja criação estive enfronhado até aos cabelos. Começou como criança, mas depressa se tornou grande.
A Unisseixal, neste ano lectivo de 2016/17, serve os desejos de 719 seniores que nela se inscreveram nas várias vertentes de formação que oferece. Cada um destes estudantes encontrou ali razões para sair de casa, dar o seu nome como aluno em três ou quatro disciplinas, pagar 90 €, que é esta a anuidade que lhe pedem. E depois é só desfrutar, o que, creio eu, corresponde a distrair-se, ter razões para sair de casa a horas determinadas, encontrar pessoas com os mesmo objectivos, ouvir o seu nome no grupo, aprender umas coisas novas ou já esquecidas, utilizar a mente, a voz, as mãos em algum instrumento, o corpo todo em movimentos de dança ou de ginástica, eu sei lá mais o quê... E eu sou um deles!

Há dez anos não havia nada disto! Já havia associações culturais, desportivas, populares, que iam fazendo ofertas formativas ou de ocupação dos tempos livres aos seus associados. Até a Casa do Educador do Seixal já vinha marcando presença significativa na vida de um grupo grande de educadores, que foi para eles que ela nasceu em 2002. Mas eram iniciativas menores, que atingiam apenas alguns apaniguados, sem a continuidade semanal que agora se apresenta.
Muitas vezes perguntei a mim próprio onde estariam tantas pessoas que caíram em avalanche sobre a Casa do Educador quando nos lembrámos de lançar este projecto. Parece que toda a gente precisava do mesmo, ansiava por algo de novo que desse razões ao seu viver. Estar reformado, pelos vistos, também tinha as suas inconveniências! Algumas vezes disse e escrevi que nos sentíamos «afogados em gente».
Em 15 Janeiro de 2007, abriram-se as portas a um número já considerável de pessoas (239), que começaram a vir às aulas nas mais que precárias condições, mas isso parece que não importava. A Casa do Educador era uma pequena associação, sem sede digna, apenas com uma sala e uma cozinha que anteriormente pertenciam a uma cantina escolar e à Delegação Escolar. Quando esta foi extinta, em Dezembro de 2004, os espaços foram entregues pela Câmara Municipal à Escola EB1 de Amora (a sala maior) e o resto à Casa do Educador.
E foi aí, naquela cozinha, que se preparou este novel projecto. Apenas uma sala serviria para as aulas. Mas, com engenho e sobretudo com tenacidade, lá foi o António Henriques correndo de escola em escola à procura de salas disponíveis que nos quisessem emprestar. E conseguimos... Andámos a pôr ovos em ninhos alheios, mas quisemos suportar essas agruras para alegrar muita gente.
Era preciso descobrir professores que voluntariamente quisessem juntar-se ao projecto e dar aulas a estes alunos especiais? Pois, também se conseguiu...
Volvidos dez anos, muita gente reconhece que foi extraordinária esta caminhada. E sempre o mesmo espírito, a mostrar sem mácula como o voluntariado pode fazer milagres, porque o espírito humano é de uma generosidade enorme. 
Voltarei ao tema brevemente. 
Mas termino com mais uma revelação: tudo isto de que falo, Casa do Educador e Unisseixal, são trabalho em que estive empenhado já como aposentado. Alegra-me olhar para trás e ver o que um grupo de pessoas fez. E ainda mais outra alegria: a Antonieta esteve sempre comigo, como igual, e algumas vezes o reconheci em público. Assim, foi mais fácil...

Assinatura de protocolo com a Câmara para entrega das instalações do Seixal à Unisseixal

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

NOTÍCIA COM 10 ANOS

Como o tempo passa! Afinal, 10 anos é muito tempo... Este texto foi escrito por mim no tempo em que mal havia sede da Casa do Educador, não havia salas, não havia universidade sénior... Só havia sonho... Hoje, tudo mudou e para muito melhor!
Atenção, Seniores!
Já temos a nossa Universidade!
Desde 15 de Janeiro, estão a funcionar no nosso concelho as aulas da UNISSEIXAL- Universidade Sénior do Seixal, com 32 disciplinas, umas mais teóricas, outras mais práticas, a que se juntaram no mês de Abril mais outras actividades: Grupos musicais (Tuna e Cavaquinhos), Teatro e ainda um Grupo de Dançoterapia.
Os seniores do nosso concelho mereciam este projecto e por isso aderiram em força. São 238 os felizardos que se matricularam nas mais diversas actividades.
A Casa do Educador do Concelho do Seixal, uma associação formada por gente ligada à educação e ensino, preparou as bases do projecto durante o ano de 2006, contactando pessoas e instituições que pudessem ajudar a pôr de pé este projecto. E em boa hora!
São já quase 40 os professores que aderiram e oferecem gratuitamente o seu saber e o seu tempo a estes novos alunos.
 Para quem é a Universidade Sénior? Esta Universidade é para quem não desistiu de viver e aprender, apesar da idade. Pretende combater a solidão e a exclusão social, dinamizando as relações sociais, dando oportunidade a que as pessoas aprendam na idade adulta o que não conseguiram antes. “Em vez de ficar em casa sem fazer nada de especial, aproveito para aprender aquelas coisas que sempre quis e que nunca tive oportunidade”, dizia um aluno sénior a um jornal. É igualmente objectivo desta Universidade que os seniores se sintam activos e felizes, independentemente das limitações da idade.
Os testemunhos que temos ouvido dão-nos conta duma satisfação geral, de um agrado espontâneo por esta iniciativa. Pessoas houve que voltaram a gostar de viver! E isto é o máximo!

Perfil dos alunos da UNISSEIXAL: é já possível apresentar o perfil dos alunos matriculados. Num universo de 228 (número com que se começou este trabalho estatístico), são maioritários os alunos entre 60 e 69 anos, o número de mulheres corresponde a mais do dobro dos homens e, quanto a habilitações literárias, a maioria possui uma base cultural significativa, o que corresponde à ideia de que “cultura atrai cultura”: só uma pequena franja possui a antiga 4.ª classe e mais de metade dos alunos (52%) tem o ensino secundário ou estudos universitários.
António Henriques 

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

VIVA A FAMÍLIA




A Família em Festa


Pronto, estão acabando as festas. Foi o Natal, foi o Ano Novo e agora, embora sem a importância que os espanhóis lhe dão, ainda temos a festa dos Reis Magos. Estes ficam um bocado na penumbra, até porque nem um feriadito merecem. Salva-se, para esse dia, o bolo-rei e uns grãos de romã, a tal fruta imaginada como fruta real pela radiosa coroa que ostenta. E, para lhe tirar ainda mais importância, sucede que os velhos ficaram já sozinhos, pois os membros activos da família lá se foram para suas casas e seus empregos. Uns fazem dezenas de quilómetros, mas outros afastam-se uns bons milhares… E assim vamos vivendo, cada qual com seus objectivos!  
Estes dias de frio, neve e chuva, mesmo assim têm um sabor tão peculiar que ninguém se queixa dos contratempos meteorológicos. O que é preciso é estar junto da família, que nesta quadra se alarga um pouco, para além da família nuclear, e junta facilmente os avós, os tios, os primos, os cunhados… Também assim aconteceu connosco, embora sem o número desejado de familiares. Esperávamos juntar mais pessoas, mas, não sei se pela idade se por razões mais escondidas, faltaram-nos familiares que gostamos de ter connosco nestas festas.
O Natal é mesmo especial. Tanto trabalho na preparação da casa e das iguarias, tantas compras (este ano com menor atenção aos presentes mas ainda a exagerar…), tanta correria, tanta azáfama nas redes sociais, em que os postais de Boas Festas, depois de serem ultrapassados pelos telefonemas e mensagens, são agora dominados pelos “posts” do Facebook, Instagram ou Twiter, pelos emails, pelos SMS. E lá se vai o nosso tempo. Às tantas, para atender aos que estão longe e se lembram de nós, esquecemos os que estão perto a conviver connosco. Há que saber dosear!
De qualquer modo, e falo agora como velhote à espera dos filhos e noras, estes dias são mesmo muito desejados, muito vividos com o coração à flor da pele, a sorrir para a vida que nos dá estes momentos tão carinhosos, a gostar do que nos contam de lá longe onde vivem e, caso nos peçam, a dar também a nossa opinião. Tenho para mim que não é tempo de dar conselhos, é mais tempo de partilhar alegrias e algumas preocupações. Mas “vocês já são grandes e sabem como devem fazer”!
Olhem, estou a elogiar a força da Família, a falar dela como o ninho sempre quentinho e aconchegante onde estamos à vontade, onde somos verdadeiros, onde nos apresentamos sem pregas e até podemos ser corrigidos, que ninguém nos quer mal, só nos incentivamos uns aos outros a ser amigos e a ultrapassar obstáculos.
A todos os que me têm ajudado a gostar de viver, sem nomear ninguém para não falhar (!), dou graças a Deus por eles e peço que todos eles sintam também o mesmo gosto de viver. E, finalmente, aos que connosco privaram nestes dias e aparecem neste vídeo, digo um muito obrigado, com votos de um Ano Novo cheio de felicidade.

António Henriques