ESCOLHAS PESSOAIS
Eu quero continuar a falar para mim mesmo e para alguns
amigos que aceitam gastar tempo com estas “considerações sobre a vida”. É uma
reflexão pessoal, que eu gostaria que não fosse simplesmente abstracta.
Ao longo dos anos, o nosso tempo tem variado de extensão,
isto é, as 24 horas do dia são vividas pela consciência de modo diferente. Ora
temos ocasiões em que falta o tempo para tudo ora passamos por outras épocas em
que se gozavam os momentos de modo tranquilo, alegre, sem andarmos a correr.
Até podíamos relaxar, ouvir uma sinfonia, apreciar um bom filme, passear pela
montanha com os amigos. Há tempos que nos deixam saudades…
Parece que, com o acumular dos anos, vamos juntando
compromissos sem fim, como juntamos tralha em casa, tachos, roupa, sapatos a
ponto de sempre nos faltar mais um armário ou um guarda-roupa. O nosso tempo livre
fica reduzido a nada e agora, que estamos reformados, até já nos perguntámos
como é que antes tínhamos tempo para passar tantas horas na escola a dar aulas…
Bem, um aparte para lamentar o que hoje acontece com os professores, que ocupam
na escola as 35 horas, sem condições para trabalhar; no meu tempo,
trabalhávamos mais em casa…
Voltando ao nosso tempo, penso que realmente nos deixamos
enredar em actividades a mais, ora nos meios familiares, em que as próprias
crianças se ocupam demais, ora no meio social para ajudar os vizinhos, os
amigos, os da mesma religião, da mesma equipa, eu sei lá…
Eu aprendi com o tempo e muita reflexão que por vezes eram
os outros que comandavam os meus dias; até fazia tudo para satisfazer toda a
gente, deixando os de casa pendurados de tanto afã, o que algumas vezes também
sobrava para eles… E depois falta a disposição para acolher a todos, surge o
stress, perde-se a ocasião de viver em paz, em tranquilidade e em alegria.
Foto mal conseguida de uma obra exposta na Arco-Lisboa, uma boca sorvedouro de tudo à nossa volta |
E volto à CONSCIÊNCIA, a nossa fiel companheira nas boas e
más horas, que é a primeira a avisar, a criticar, a aconselhar que sejamos
senhores do nosso tempo… Mas a bitola-mestra da nossa actividade deve ser a
resposta que damos a esta pergunta: “o que é que eu quero ser e fazer da minha
vida?”. Podemos andar ao sabor da corrente, podemos andar atrás dos outros, a
fazer o que aos outros agrada, mas “não é bem isto que quero para mim”… O
projecto pessoal, a minha missão de vida é a escolha determinante para viver em
paz. E nem sempre se alcança com clareza esta resposta. Durante muitos anos,
fiz parte de um grupo que questionava os nossos comportamentos e tentava
clarificar as boas respostas ao que nos acontecia. E havia normalmente
respostas surpreendentes que o grupo achava mais lógicas, sobretudo porque nos
tiravam pesos da consciência e nos ajudavam a viver em paz.
Em conclusão, o nosso tempo depende de nós e dos nossos
objectivos de vida. Cada dia, há que escolher gastar o tempo onde eu acho que é
melhor para mim e para a minha missão. Quem não toma decisões, quem anda atrás
dos outros, nunca mais aprende a viver.
Como sempre...fico a pensar!
ResponderEliminarPodes escrever o mesmo. Tu és capaz. É uma forma de combater o Alzheimer.
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