A Família em Festa
Pronto, estão acabando as festas. Foi o Natal, foi o Ano
Novo e agora, embora sem a importância que os espanhóis lhe dão, ainda temos a
festa dos Reis Magos. Estes ficam um bocado na penumbra, até porque nem um feriadito
merecem. Salva-se, para esse dia, o bolo-rei e uns grãos de romã, a tal fruta
imaginada como fruta real pela radiosa coroa que ostenta. E, para lhe tirar
ainda mais importância, sucede que os velhos ficaram já sozinhos, pois os
membros activos da família lá se foram para suas casas e seus empregos. Uns
fazem dezenas de quilómetros, mas outros afastam-se uns bons milhares… E assim
vamos vivendo, cada qual com seus objectivos!
Estes dias de frio, neve e chuva, mesmo assim têm um sabor
tão peculiar que ninguém se queixa dos contratempos meteorológicos. O que é preciso é estar junto da família,
que nesta quadra se alarga um pouco, para além da família nuclear, e junta
facilmente os avós, os tios, os primos, os cunhados… Também assim aconteceu
connosco, embora sem o número desejado de familiares. Esperávamos juntar mais
pessoas, mas, não sei se pela idade se por razões mais escondidas, faltaram-nos
familiares que gostamos de ter connosco nestas festas.
O Natal é mesmo especial. Tanto trabalho na preparação da
casa e das iguarias, tantas compras (este ano com menor atenção aos presentes
mas ainda a exagerar…), tanta correria, tanta azáfama nas redes sociais, em que
os postais de Boas Festas, depois de serem ultrapassados pelos telefonemas e
mensagens, são agora dominados pelos “posts”
do Facebook, Instagram ou Twiter, pelos emails, pelos SMS. E lá se vai o nosso
tempo. Às tantas, para atender aos que estão longe e se lembram de nós, esquecemos
os que estão perto a conviver connosco. Há que saber dosear!
De qualquer modo, e falo agora como velhote à espera dos
filhos e noras, estes dias são mesmo muito desejados, muito vividos com o
coração à flor da pele, a sorrir para a vida que nos dá estes momentos tão
carinhosos, a gostar do que nos contam de lá longe onde vivem e, caso nos
peçam, a dar também a nossa opinião. Tenho para mim que não é tempo de dar
conselhos, é mais tempo de partilhar alegrias e algumas preocupações. Mas “vocês
já são grandes e sabem como devem fazer”!
Olhem, estou a elogiar a força da Família, a falar dela como
o ninho sempre quentinho e aconchegante onde estamos à vontade, onde somos
verdadeiros, onde nos apresentamos sem pregas e até podemos ser corrigidos, que
ninguém nos quer mal, só nos incentivamos uns aos outros a ser amigos e a
ultrapassar obstáculos.
A todos os que me têm ajudado a gostar de viver, sem nomear
ninguém para não falhar (!), dou graças a Deus por eles e peço que todos eles
sintam também o mesmo gosto de viver. E, finalmente, aos que connosco privaram
nestes dias e aparecem neste vídeo, digo um muito obrigado, com votos de um Ano
Novo cheio de felicidade.
António Henriques
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