Já sem as longas filas de há meses atrás, depois de
apreciarmos gostosamente o ambiente à volta e por cima do Museu, com belas
vistas sobre a cidade e o rio, lá entrámos no novo Museu de Arte, Arquitetura e
Tecnologia, criado e dirigido pela Fundação EDP, ao Restelo.
Confesso que fiquei com alguma decepção, que foi crescendo à
medida que ia percorrendo os espaços. Ao princípio, dominava a UTOPIA, numa
referência à ilha de Tomás More onde tudo era harmonia, convivência pacífica e
felicidade. Mas logo ali, os textos iam já falando de DISTOPIA, uma palavra
nova que parece dominar o nosso mundo.
Somos uns seres
insatisfeitos, sempre na ânsia de mais e melhor. E as tecnologias têm-nos
levado a acreditar num futuro mais ideal. Mas depois, o que vimos é destruição –
Ruins of Modernity – e os maiores progressos vêm acompanhados de uma crescente
poluição, como naquele vídeo em que o passeio por imaginárias cidades era feito
no meio de papéis, poeira e lixo a voar por entre as construções.
Chocou-me ver logo na primeira sala uma cadeira feita de
espingardas, mesmo que esta função seja mais aceitável que andar por aí a matar
pessoas e animais. Os vários projectos apresentados sugerem-me todos ambientes
irreais, onde não apetece viver, por mais que a tecnologia avance.
Não sei se esta amostra de propostas tecnológicas está a
condizer com as crises sociais e políticas que se avolumam. Mas, sabem o que me
apeteceu pensar? – É melhor fugir destas metrópoles megalómanas e viver longe,
num simplismo despreocupado. Será por aí que a arquitectura nos quer levar?
À saída, ao menos pudemos rir-nos com uma geringonça puxada
por oito ciclistas. É obra!
António Henriques
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