terça-feira, 14 de março de 2017

MAIS MEMÓRIAS

Já disse e escrevi sobre o tema MUDAR DE AMBIENTE. 

E hoje venho com mais memórias. Revisitar pessoas e ambientes, quando eles nos ajudaram a gostar de VIVER, é um meio de ganhar novo fôlego, criar mais raízes, dar mais vida aos dias menos agradáveis que nos chegam inadvertidamente. Sim, nem sempre os dias nos oferecem apenas horas agradáveis. Às vezes, chega o infortúnio, a dor, a conversa mais azeda que nos indispõe... E para mudar de disposição, este escrever memórias é um bom acicate para olhar a vida de modo mais positivo. Neste momento, nem é essa a razão. O que me levou a pegar no teclado é a urgência de enriquecer o meu blogue, que há mais de uma semana não possui novidade, o que também me dói. 
Fernando Namora, entrevistado por nós na Faculdade, dizia há uns bons anos que escrever é um sacrifício e não escrever é outro sofrimento. Lembrámos isto na Madeira, eu e o meu colega e amigo Aires Vieira. A satisfação da escrita só vem no final, quando o que se escreveu se apresenta com algum gosto e "bem arquitectado". 

A nossa convivência com a realidade madeirense durante quinze dias foi feita de momentos de celebração, mas também tivemos momentos mais monótonos, de dias e horas iguais. Porque nos encontrávamos em ambientes diferentes, dava para repararmos mais em pormenores, aquelas coisas a que não estamos habituados.

No restaurante, é normal olharmos mais para a comida, para os pratos típicos. Experimentámos as papas e o bife de atum com muito molho, também comemos sopa de trigo, a que se juntam muitos ingredientes e carnes. Comemos muitas anonas e bananas madeirenses, por sinal a bom preço. Nem sempre a foto estava disponível, mas aqui deixo um pratinho de papas de milho e atum. Na minha terra da zona do pinhal, a minha mãe também as fazia, mas com mais grelos de couve embrulhados nas papas. E quando ia passar férias a casa, era o que me lembrava de pedir à mãe. Neste entretanto, o que mais me espantou agora foi ver a minha consorte a deixar o seu prato vazio, como se de uma açorda alentejana se tratasse!

Também um dia pudemos passear pela zona velha do Funchal, a fazer horas para uma celebração.
Ninguém nos tinha falado, mas demos com ruas repletas de obras de arte, com as portas pintadas como se de telas se tratasse. Soubemos pela nossa amiga que se tratava de um projecto antigo, levado a cabo durante anos e em que colaboraram muitos artistas, nacionais e estrangeiros. Cito três linhas do texto desse projecto, chamado de PORTAS ABERTAS":
   «É um projecto para abrir as portas da cidade do Funchal à arte e à cultura. Elas não são "entradas virtuais", são apenas antigas e esquecidas. Estas portas são lojas abandonadas, espaços em ruínas que agora assumem uma nova vida, com o objectivo de sensibilizar a população, enchendo as vias de eventos culturais e artísticos».
 Este projecto começou em 2010 na Rua de Santa Maria e avançou depois para outras ruas, dez no total, sob a protecção do Dr. João Carlos Abreu, secretário da Cultura e do Turismo. Foram mais de 100 os artistas que colaboraram, o que mostra bem a grandeza do projecto. 
Deixo aqui também umas fotos dessas PORTAS ABERTAS que nos encantaram.
E fico por aqui, para não maçar os amigos que me lêem.

António Henriques
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