OS SANTOS POPULARES
OS MASTROS NA MINHA ALDEIA NA DÉCADA DE 50
Os Santos Populares sempre se comemoram por todo país e a Cabeça Gorda não foge à regra. No Santo António e especialmente no São João, lá estavam os moradores preocupados com as festas dos Santos Populares.
Umas semanas antes, já um grupo de homens se reunia para tratar do mastro, que se desejava mais bonito que o da aldeia vizinha.
Chegavam num carro puxado por um macho ou dois, os troncos bem grossos, um em especial que seria o do centro mais alto e mais forte, com aproximadamente 3 ou 4 metros. Os outros 5 ou 6 eram um pouco mais baixos. Todos eles se cobriam com verdura - alecrim e rosmaninho preso com arames aos troncos e alindados com flores feitas de papel de seda assim como as bandeirinhas, tudo isto confeccionado pelas senhoras mais prendadas da aldeia. Faziam-se cordas de bandeiras de várias cores coladas em cordas de sisal.
Colocava-se o mastro principal ao centro; era escavado no chão um buraco bem fundo para que o mastro ficasse bem seguro. A uma distância de 2 ou 3 metros do centro colocavam-se os mastros mais pequenos em círculo, à volta do mastro grande, e também bem presos ao chão. E prendiam-se os fios das bandeiras previamente enfeitados, que partiam do mastro do centro para os outros mais pequenos e que compunham o espaço da festa. O chão deste espaço também era coberto de verdura, creio que era rosmaninho.
Nunca vi dançar à volta destes mastros. O que via eram grupos de homens e mulheres a caminhar de braço dado à volta do mastro, cantando cantigas alentejanas. Eu, agarrada à saia da mãe, confundia-me com a multidão que assistia ao espetáculo.
Era lindo, mas não tive ocasião de voltar a ver.
Janeiro de 2025
Antonieta Henriques
NOTA: Os mastros não eram bem assim, mas há alguma semelhança!
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