domingo, 16 de outubro de 2016

FADO, DESTINO?



2 - Fado, não!


 Volto hoje ao tema do texto de 9 de Outubro, em que eu discordava de uma postura de vida que tudo fazia depender do destino.

Para ser sincero, aceito que a nossa história está marcada com o que chamamos carga genética, que herdamos dos nossos pais. Não são apenas os dotes físicos, que aí as coisas estão já bem estudadas pelas leis de Mendel. O mesmo posso dizer da propensão para certos comportamentos, doenças, ou mesmo a maior ou menor facilidade em nos adaptarmos às regras de convivência social. Vemos crianças muito diferentes na sua relação com o ambiente circundante e não vamos dizer que tudo é resultado de aprendizagem ou cópia de atitudes que se vêem.... Muito vem de trás.

Mas, ao lado destas evidências, há outras evidências maiores. E é delas que eu gosto de falar. Ao olhar para o mundo em que nos inserimos, cheio de maravilhas que admiramos, repleto de avanços em relação a tempos passados, o sentimento que mais me domina é de admiração, de encantamento perante a capacidade da mente humana, que cada vez vai mais longe na distância e mais penetrante dentro de si própria.

É para este fruto do espírito humano que devemos olhar, sabendo que tudo foi resultado da aplicação dos homens em atingir novos e mais altos objectivos. Muito está a ser feito diariamente para que a sociedade viva sem sobressalto, o que se consegue por uma larga e universal cooperação entre as pessoas.


E eu? Em que lugar me vou situar neste emaranhado de vidas, de ocupações, de passatempos com que nos cruzamos diariamente? Aqui é que está a questão maior, ou, como diziam os latinos, “hoc opus hic labor est” (aqui é que a obra dá trabalho, em versão livre!)…


E cá vem outra vez a palavra VIDA! Ela pode ser um património a aproveitar e desenvolver ou uma riqueza a dilapidar. É uma alternativa com saída dependente apenas da nossa liberdade. Sim, que nós somos livres… Por contraste, lembro-me outra vez do Ricardo Reis (criado por Fernando Pessoa) (ibidem, pág. 70) que acha que «nada é prémio: sucede o que acontece», numa subjugação total ao destino, ou, nas suas palavras, «uns faz altos a sorte, outros felizes», rematando o discurso com uma pungente resignação: «Nada, Lídia, devemos ao fado, senão tê-lo».

Ora, ao contrário, eu penso que o mundo está repleto de energia e muita gente empurra o progresso para a frente pelo seu empenho na renovação de mentalidades e no melhoramento do mundo e das relações humanas. Não somos passarinhos, que todos os dias fazem a mesma coisa, numa procura incessante de comida para si e seus filhotes. Até estes são exemplo para as pessoas que desistiram… Assim como nos ensinam as árvores, que anualmente se renovam, como esta magnólia a oferecer-nos a beleza das suas flores. Magnólia, que eu tanto admiro desde a escola primária, em frente da qual ainda hoje paro para a saudar…

Hoje fico por aqui. Brevemente voltarei com mais “considerações sobre a vida”.

E obrigado por me lerem…

3 comentários:

  1. Gostei e gosto de ler este Diário.Espero por mais...Obrigada.

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  2. Adorei.Também eu sou apenas o fruto das minhas escolhas. Fico ansiosa por mais...Obrigada

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    1. Sim, prometo continuar as minhas considerações, fruto das muitas reflexões individuais e em grupo. Agradeço o interesse pela leitura.

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